Natal – o Reino em busca de Hospedagem

Natal – o Reino em busca de Hospedagem

Hoje, segundo a fé cristã, celebramos o nascimento de Deus entre nós. Jesus, a expressão e a natureza divina que veio ao mundo para, na história e no tempo, realizar aquilo que já estava realizado na Eternidade (1 Pe 1:19-20; Cl 1:26; Ap 13:8).
Ou seja, o perdão, a união, a revelação de Deus para com suas criaturas não foi obra do acaso e nem da tentativa Dele mesmo de remediar um acidente de percurso após a criação e a queda do homem, mas, segundo os autores bíblicos, um plano já executado na dimensão da eternidade e introduzida no tempo e espaço a partir da história do nascimento de Jesus.

Jesus ao iniciar seu ministério passou a pregar que o Reino de Deus era chegado na terra (Mt 3:2; Mt 4:17). Esse Reino era representado a partir Dele, de seu nascimento e de sua missão culminada na Cruz e na Ressurreição. Logo, dentre as várias festas da fé cristã em referência ao Reino, encontra-se o nascimento de Jesus, data essa celebrada no dia de hoje.

Nascimento esse cercado de procura por segurança, de fuga da perseguição política (do rei Herodes) e de necessidade por hospedagem. Assim, o Reino de Deus não foi/é uma imposição tirânica de um Deus que impõe à suas criaturas o reconhecimento de seu poderio. É, ao contrário, um Reino que busca ser descoberto, abrigado e revelado a quem souber entender as palavras de Jesus diante de Pilatos “O meu Reino não é deste mundo”(Jo 18:36-38).

O Reino de Deus vindo através de Jesus nasceu e foi acolhido numa manjedoura (simbolizando corações humildes e simples); foi visitado por magos do oriente (nos dizendo com isso que o Reino não é posse de sacerdotes ou de instituições eclesiásticas que na época era representado pelo judaísmo, mas é um banquete servido aos “esquecidos”, aos publicanos e pecadores) e teve que ser cuidado e educado por Maria e José (significando que o Reino – apesar de perene e eterno – em nós não é uma consciência instantânea, mas um contínuo despertamento, crescimento e desenvolvimento).

O natal, o Reino gerado na dimensão espaço-temporal não foi imposto como ordem, mas ofertado como graça, como favor, pois o caminho do Homem é o caminho da “cristificação” do ser (o tornar-se como Cristo), e seu cume é o da cruz do Gólgata e da ressurreição do Getsêmani.

Como sinal de singeleza, o mesmo Reino continua sendo revelado para quem lhe der abrigo e hospedagem.

À quem tiver corações humildes como a representação simbólica de uma manjedoura; a quem souber reconhecer os sinais nos céus, na terra, na intuição, nos sonhos e no silêncio do coração, e como os magos do oriente – os não legitimados, os de “fora”, os que não eram da casta, da linhagem religiosa judaica daquele tempo – reconhecerem o Mistério além dos mistérios; bem como, tiver paciência, resiliência e aprender a educar Deus em si, e ver Deus crescer como menino para depois virar adulto e por fim, Cristo em nós, a esse será revelado o Reino de Deus.

Não estenderei o texto além da conta. Poderíamos falar muito ainda acerca da natureza do Reino, da mensagem de natal universalista descrita no evangelho de Lucas, da consciência humana, dos símbolos, etc. Mas vamos deixar para uma próxima oportunidade.

Hoje desejo apenas um feliz natal a todos os perimirienses, com a consciência de que o Reino de Deus procura abrigo e hospedagem em nós.

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